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Revista Contabilista 198 - setembro

Retificação

Na Revista Contabilista 198 (setembro de 2016), o texto/testemunho da autoria do Presidente da CIP, António Saraiva, foi publicado com um parágrafo do testemunho de António Marques, Presidente da Associação Industrial do Minho.
Tratou-se de um lamentável lapso de paginação/revisão da Revista.
Aos visados pedimos sinceras desculpas.
 
Reprodução do texto de António Saraiva, Presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP)
 
Domingues de Azevedo pessoa de ideias, de ideais e de projetos 

Domingues de Azevedo afirmou recentemente que «é mais do que evidente que, para criar e consolidar os atos de cidadania, tem que haver um total esclarecimento dos cidadãos sobre a forma, o destino e os resultados como o dinheiro dos impostos de todos nós são geridos pelo Estado. Daí também a necessidade de um bom sistema organizativo que seja capaz de oferecer esses elementos informativos e envolventes dos cidadãos, convencendo-os da validade e utilidade do seu esforço financeiro em prol da causa pública.»

Esta afirmação exprime com clareza um pensamento esclarecido e uma forma de observar com rigor o comportamento do Estado. 

Pessoa de ideias, de ideais e de projetos, soube sempre defender a transparência e a equidade fiscal, que constituem condições importantes para o crescimento económico e para a confiança dos empresários, investindo e garantindo emprego.

Tivemos oportunidade de partilhar entendimentos semelhantes em várias ocasiões sobre o papel do Estado, as responsabilidades dos contabilistas e os compromissos dos empresários.

Devemos recordar Domingues de Azevedo como uma referência relevante na classe dos contabilistas, que sempre valorizou, pela sua importância para as organizações empresariais.

Desenvolveu um trabalho inesquecível, que todos teremos em conta e que certamente a Ordem dos Contabilistas Certificados vai prosseguir.



Versão integral do artigo de Mário Portugal, publicado na Revista Contabilista 198

António Domingues de Azevedo - Adeus, até amanhã

Era assim que nos despedíamos, todos os dias, quando, depois de mais uma jornada de intenso trabalho, saíamos da então ATOC, na Rua Nova do Almada, passávamos pelo Rossio e caminhávamos até ao topo da avenida da Liberdade, rumo ao Marquês do Pombal, onde se situava o hotel onde pernoitávamos.

Já se passaram 20 anos e parece-me que ainda foi ontem.

Ao longo desse extenso trajeto passávamos em revista o que tinha sido o dia de trabalho e, principalmente, o DOMINGUES AZEVEDO (sempre assim o tratei, embora com todo o respeito), me falava do amanhã, sempre com ideias brilhantes, algumas das quais de difícil concretização, mas que, afinal, eram atingidas.

Ele sempre foi assim: Tinha um vontade enorme de vencer, fazendo as coisas no tempo exato, chegando sempre a bom porto. 

Já o conhecia desde 1994 quando teve os primeiros contactos com a extinta Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas, onde foi eleito Presidente da Direção em outubro desse ano (eu era o Vice-Presidente). 

Pode ler-se no relatório da Direção de 1994 daquela associação que "o então deputado Domingues Azevedo, que na Assembleia da República vinha já desenvolvendo uma importante ação no domínio da regulamentação da profissão, tendo mesmo apresentado o seu projeto de Estatuto que teria avançado caso o Governo não tomasse a iniciativa neste domínio”.

De facto, a enorme energia e superior capacidades de Domingues Azevedo contribuíram decididamente para que o Estatuto dos Técnicos Oficias de Contas viesse, finalmente, a ser aprovado, com a consequente tomada de posse da Comissão Instaladora (de que Domingues Azevedo foi o primeiro Presidente). Posse dada pelo então Ministro das Finanças António de Sousa Franco, em sessão solene realizada em 15 de julho de 1996.

E desde logo começou uma das grandes batalhas do Presidente António Domingues de Azevedo: Mudar o nome de ATOC (que foi "inventado” pelo Governo de então) para Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas.

Conseguido esse objetivo, partiu para outra luta: Transformar a Câmara em ORDEM.

Foram 20 anos de luta (muitas das vezes prejudicada por intuitos escondidos), mas, finalmente, a vitória foi alcançada.

Somos a Ordem dos Contabilistas Certificados (não há curso para Técnicos de Contas, mas sim para Contabilistas).

Não tenho a menor dúvida que essa grande vitória se fica a dever a António Domingues de Azevedo.

Mas a luta desse GRANDE HOMEM levou a associação publica dum balanço total de 555.133 euros e 19 trabalhadores (em 31/12/1996) para um balanço de 27.913.714 euros e 136 trabalhadores (em 31/12/2015). Quer dizer: Em 19 anos o balanço aumentou 50 vezes, enquanto o número de trabalhadores aumentou apenas sete vezes!

De esforço em esforço Domingues Azevedo levou a sede da Ordem da Rua Nova do Almada (que nada tinha de nova, pois estava destruída pelo incêndio do Chiado…) até à sua atual sede na Avenida Barbosa du Bocage – uma das maiores sedes de todas as ordens existentes (senão, a maior).

Tenho bem presente na minha memória uma máxima que Domingues Azevedo nos deixou aquando da inauguração da Casa do Contabilista, no Porto: ”É preciso construir, arriscar, tomar decisões.”.

Bem se pode afirmar, categoricamente, que Domingues Azevedo teve ao longo da sua vida de tomar as mais difíceis decisões (por exemplo, adquirir a casa onde hoje temos a nossa sede ou levar a cargo a reconstrução dum velho edifício e transformá-lo na casa da Ordem no Porto).

Não foi uma vida fácil, bem pelo contrário. Estou a lembrar-me de uns tantos episódios, levados a cargo por um ínfimo número de técnicos oficiais de contas que tudo fizeram (e continuam a fazer) para prejudicar (ou mesmo destruir) a obra que Domingues Azevedo nos legou.

Domingues Azevedo era um Homem Bom, com uma vontade férrea de bem fazer as coisas, dedicado inteiramente à ATOC, à Câmara dos TOC e à Ordem.

Foram 22 anos de luta permanente (1994/2016), desde o primeiro momento até que aos dias de hoje.

Pessoalmente lidei com ele muito de perto e assisti a cenas que muito relevam a sua vontade de zelar pelos interesses da associação que dirigia.

Estou a lembrar-me da tremenda luta que travou com os vendedores duma marca de fotocopiadores (foi a primeira compra de vulto levada a cabo pela ATOC), com o intuito de obter um desconto avultado. E conseguiu-o!

Diz o povo, na sua imensa sabedoria, que A VIDA CONTINUA.

Havemos de ser capazes de continuar a obra que António Domingues de Azevedo iniciou, mas não acabou, porque Deus assim o quis.

Por isso, dirigentes e dirigidos, devem continuar essa grandiosa obra que nos foi deixada, pensando sempre nas palavras de Domingues Azevedo: ”Construir, arriscar, tomar decisões.” 

E se assim todos fizermos, estaremos a honrar a memória de António Domingues de Azevedo, que na revista "Contabilistas” n.º 192, de março/2016 – pág.3, nos deixou uma mensagem, quiçá a última grande mensagem, dizendo a todos os contabilistas certificados:

"Mas este não é o fim da história. É possível continuar a fazer cada vez maior a nossa profissão, porque todos merecemos que cada dia, pelas mais diferentes coisas positivas, seja um dia com significado. Um dia em que o sorriso se estampe no rosto e as palavras surjam do fundo da nossa alma como manifestação da nossa felicidade”.

É com estas palavras simples, mas de um grande significado, com elevado espírito de solidariedade, que apelo a todos, mas a todos, os contabilistas certificados que honrem a memória de António Domingues de Azevedo, contribuindo para o engrandecimento da profissão que escolheram e prosseguindo o rumo traçado por um grande HOMEM.

Com fé no futuro e esforço denodado, de certo, lá chegaremos.

Pela minha parte, despeço-me de António Domingues de Azevedo com eterna saudade dos tempos bons (e até dos menos bons) que passamos juntos, sempre na busca do melhor para a nossa (finalmente) Ordem, na certeza de que nos encontraremos mais tarde ou mais cedo no além. Então...

...Adeus, até amanhã!

Mário Portugal 
Membro n.º 7


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